quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sentindo na pele ...

Ontem foi minha vez de sentir na pele a expectativa de ver alguém querido vestido com aquelas roupas feiosas de hospital, e seguindo para o bloco cirurgico. Meu marido estrou 13:50 e só chegou no quarto 21h! O anestesita ligou 16h dizendo que estava tudo bem, que a cirurgia estava correndo normalmente... mas como demorou !Lu fez uma cirurgia bariátrica, opção dele, mas é uma cirurgia, e de grande porte. Enquanto esperara, pensava em quantas pessoas esperam uma notícia, um telefonema ,um marido ou filho voltar do centro cirurgico para o seu quarto. Esperar é ruim. Esperar no silêncio da espera, mais ainda... Eu sabia que tudo ia dar certo, que ele estava nas mãos de um excelente médico e principalmente, nas mão do Médico dos médicos. Agora ele está no quarto, um pouco incomodado, com dores, mas está bem. Senti na pele a ansiedade da espera silenciosa, a inexperiência de cuidar de alguém tão próximo mas cheio de novidades desconhecidas pra mim, senti na pele a vibração por pequenas vitórias conquistadas no pós-operatório... tudo isso sinto que serve pra fortalecer a minha fé e a minha experiência, para ajudaroutros no processo árduo e doce de consolar.

"Pois tu és a minha esperança, Senhor Deus,tu és a minha confiança" Sl 71.5

terça-feira, 18 de maio de 2010

Túlio


Na segunda visita do Consolar no IMIP, em 2009, conhecemos um menino muito especial. Túlio. Ele estava na UTI, cheio de fios e dormindo. Seu pai era muito falante e nos contava de como Túlio era um menino esperto e carismático. Ele era também um servo de Deus e usava seus dons e talentos a serviço do Senhor, Túlio tocava algum instrumento , que agora não me lembro qual, mas posso imaginar o quanto agradava a Deus com sua disposição em servir. Me lembro que conversamos muito com aquele pai , oramos, choramos juntos e fomos continuar nosso trabalho com os demais pacientes... Em março deste ano reencontramos Túlio e seus pais na UTI do IMIP, ele estava inconsciente e cheio de fios pelo corpo novamente. Sua mãe estava lendo a Bíblia... Ela nos contou que desde a nossa última visita Túlio se recuperou, voltou pra casa e aos poucos voltava à sua vida normal, mas passou mal um dia e ao levarem ele para o IMIP precisou ser internado novamente.Desde então estava inconsciente.Eu não conheci o Túlio falante, risonho e carismático, mas é engraçado, mesmo ali deitado, respirando com dificuldade podia imaginar como era sua vida. Túlio exalava o perfume de Cristo ! Sua mãe estava bem ciente da sua situação, os médicos "desenganaram" Túlio, mas ela cria no Deus de milagres, e cria também que Ele é quem decide o que é melhor. Um mês depois ao voltarmos ao hospital, fomos à UTI e perguntamos por ele à uma enfermeira e ela disse que uma semana depois de nossa visita, em março, Túlio faleceu. A marca do testemunho da família de Túlio é notória na UTI do IMIP, não há quem não o conheça, conheça sua história e tenha se impressionado com a fé da sua família. Túlio agora está livre dos fios, dos remédios, da dor ... deve estar fazendo o que mais gostava, louvando a Deus, face a face. Seu leito vazio não lembra a dor, lembra vitória em Cristo. Glorias a Deus por sua vida e por seu testemunho silencioso!






quinta-feira, 13 de maio de 2010

Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo por onde quer que andares.

Josué 1:9

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ainda no dia 25/04/10 ...

Quando chegamos no IMIP e fomos nos arrumar para começar o trabalho de visitação, ao passar por um dos quartos vimos um menininho chorando muito. Seu nome era João Lucas , ele estava dormindo no colo da mãe quando fomos visitá-lo, tinha uns 2 anos e meio e era muito lindo! Perguntei à mãe porque ele chorava tanto e ela disse que tiveram que furá-lo de novo para receber os medicamentos pela veia ... Eu também choraria. Conversei com a mãe sobre o propósito de estarmos ali e ela se derramou em lágrimas ao contar sua história, ela tinha outro filho com 5 anos, Mateus e ele também tinha Leucemia mas estava em casa, em Triunfo, com o pai. Ela disse que sentia muito a falta dele, e sabia que era recíproco, mas tinha que cuidar de João Lucas, que era menor e estava mais fragilizado. Outra coisa que me chamou atenção foi quando ela disse que as vezes os dois fazem quimio juntos e Mateus segura na mão de João e diz : -Papai do Céu passa a dor dele pra mim que sou maior e mais forte. Uma mãe, dois filhos doentes ... Que Deus abençoe Mateus, João Lucas, e seus pais, verdadeiros guerreiros.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um pouco do dia 25/04/10 no IMIP ...


Esse dia não fui para UTI, foram Gabi e Wanessa. Nem imaginava o que Deus reservava pra mim mesmo sem ter ido à UTI ... Fomos para o segundo andar de Oncologia Pediátrica do IMIP, eu, Jéssica e Suzane. Ao entrarmos no primeiro quarto, a “cortina” que separa um leito do outro estava fechada, junto à porta estava uma menina de mais ou menos uns 10 anos. Sua cama estava cheia de brinquedos e sua mãe estava ao lado, começamos a conversar quando escutei um fungado de choro no leito ao lado, estiquei o pescoço e vi que tinha alguém deitado na cama coberto de lençol até a cabeça, e havia tambémn um pai dormindo ao lado. Me voltei para a menina, e retomei a conversa, outro fungado. Não me aguentei, fiz sinal pra Jéssica e Suzane e fui ver o que estava havendo. Toquei a perna de José Emerson (9 anos) e ele descobriu o rosto, seus olhos estavam inchados de tanto chorar, lágrimas grossas escorriam dos seus olhos, ele estava muito triste. Eu perguntei se estava sentindo alguma dor, se precisava de algo, e ele me disse chorando: - Quero ir pra minha casa! Ai Deus, como temos que ser fortes pra não chorar junto ... Na mesma hora fiz uma rápida oração silenciosa pedindo a Deus sabedoria pra lidar com aquela situação e fazer alguma diferença na vida daquele garoto. Perguntei onde ele morava, ele disse que em Jaboatão ... me apresentei e disse porque estava ali, também lhe perguntei se aceitaria escutar uma história e ele balançou a cabeça afirmativamente. Seus olhos estavam ansiosos por me escutar, eu podia perceber. Acredito que ele estava se sentindo muito só, seu pai estava dormindo e acho que o fato de eu ter dado atenção a ele o fez se sentir um pouco melhor. Contei a história da ovelha perdida e enfatizei que ela passou um tempo sozinha e com medo mas que o pastor foi buscá-la, que ele não esqueceu dela mesmo tendo tantas outras ovelhas pra cuidar, e comparei com a situação que ele, José, estava passando. Disse que antes de eu tê-lo escutado, Jesus tinha escutado seu choro e tinha me mandado ali para visitá-lo. Disse ainda que não podia lhe mandar pra casa mas podia ajudá-lo a sentir paz e ter mais paciência para esperar pelo tratamento, pelos dias que viriam no hospital. Ele me perguntou como eu poderia ajudá-lo desta forma, eu disse que se ele permitisse Jesus entrar no seu coração isso aconteceria. Ele aceitou. Oramos juntos e agora eu vi uma lágrima no cantinho do olho esquerdo, mas não era mais de tristeza , ele estava emocionado. E eu vibrando ! A vontade que tinha era ficar ali com ele, conversando a tarde inteira, mas tinha que ir, outras crianças nos esperavam. Antes de sair do quarto disse que eu estava indo, mas que o Senhor ficaria com ele e nunca mais ele iria se sentir só. Ele sorriu.